Os melhores livros nacionais

Por: redação 18/11/2021 10 min
Melhores livros brasileiros

Dentre o mundo literário é comum escolher primeiramente os mais aclamados pela crítica, por vezes, os estrangeiros a deixar nossas próprias preciosidades nacionais em segundo plano. Por isso, hoje trouxemos uma lista especial com dez livros nacionais de leitura obrigatória para os leitores ávidos. Estes, além de possuírem qualidade escrita gritante, são imersos em fluidez, criatividade e reviravoltas chocantes.

Todo dia mesma noite

Brasileiros preparem seus corações, porque este é dos livros capazes de derramar lágrimas de seus leitores desde a contracapa, literalmente. Nas partes internas da capa, o papel tem acabamento em preto com letras em branco, nelas, os nomes de todas as vítimas do incêndio na boate Kiss em 27 de janeiro de 2013. A calamidade em Santa Maria (RS), levou a vida de 242 jovens, assim como hoje leva as lágrimas de leitores do livro de Daniela Arbex, assim como de seus familiares vivos.

Quase melodioso é o modo como a autora conta em traços mórbidos sobre aquele dia sombrio. O modo como os jovens se arrumaram, assim como seus passados e apreensão dos familiares. Tão bem escritos ao ponto de nos fazer questionar se o personagem irá sobreviver e chorar quando esta resposta se prova como negativa.

Todo dia mesma noite é em todos os aspectos, impactantes. Desde o antes, durante, até o depois. Embasada em dados, narrativa dos pais e notícias divulgadas na época, o leitor se sente dividido em diversas partes, com a possibilidade de observar cenas em dezenas de ângulos. Todavia, todos eles intensos. De tal modo, que mesmo agora, ao escrever estas palavras, na garganta se faz permanente um nó.

Memorias póstumas de Brás Cubas

O livro é um clássico dramático 1881, escrito por Machado de Assis, considerado por diversos críticos como um dos maiores autores nacionais. Sendo possível notar isto, por este ser um dos nomes mais citados no quesito Língua Portuguesa em concursos públicos e vestibulares. Além de ser comum aos leitores ávidos, possuir algum título do autor na prateleira.

Memórias póstumas de Brás Cubas, como o próprio título sugere, é uma narrativa em primeira pessoa um tanto peculiar, pois é de alguém que já partiu deste plano espiritual. Assim como Dom Casmurro, imparcialidade é algo inexistente nesta narrativa. Isto, porque Brás evidência sua opinião e seu ponto de vista em diversos pontos dos capítulos, conforme as cenas avançam. No entanto, algo interessante feito pelo autor, é a proeza de nos fazer torcer o nariz para o protagonista, mesmo com a utilização desta técnica escrita.

Outra proeza de Machado, é conseguir tornar realística a narrativa de Cubas por diversos detalhes. O primeiro deles, é ordem desconexa dos fatos de sua vida, como se o protagonista de fato, estive sentado em nossa sala, nos contando sobre suas experiencias de vida, o que poderia tornar a história confusa, mas apenas a torna mais fascinante. Afinal, quem nunca quis tomar um café com Machado de Assis?

Jantar secreto

Um livro com enredo iniciado no extremo sul do país, onde os brasileiros amam um café colonial, mesas fartas e comida quente. Mas enquanto os sulistas brasileiros colocam a mesa cuca, bolo e café, os personagens de Raphael Montes servem um jantar secreto banhado a sangue.

A história tem como enfoque principal quatro amigos, ambos paranaenses, que decidem sair do estado para estudar no Rio de Janeiro. Na nova morada, no entanto, os sonhos são frustrados pela dolorida realidade. Fama e prestígio não chegam, nem tão pouco sucesso financeiro. Justamente por isso, as contas se atrasam e os jovens são despejados. É a partir daí, que a história toma um novo rumo e as coisas se tornam realmente interessantes.

Quem se lembra do pavor das notícias do crime vendedora de salgados com carne humana, vai sentir os cabelos se arrepiarem novamente, porque o método encontrado pelos jovens para arrecadar dinheiro é semelhante neste livro. Quando os protagonistas decidem fazer jantares refinados com carne humana como prato principal.

Este seria o xeque do autor ao, além de hipnotizar seu público com a promessa de uma narrativa, garantir pensamentos profundos sobre os valores humanos. 

O tempo e o vento

Uma coletânea fascinante, historicamente essencial por seu contexto histórico, devido a ambientação em um século do Rio Grande do sul. Além da beleza lapidada de sua narrativa das histórias da família Terra Cambará, sendo seus livros publicados entre 1949 e 1961. De modo impressionante, onde o leitor é levado aos confins da família, de modo a se sentir integrante dela.

Os Terra Cambará são meticulosamente retratados de modo real. Desprendidos de perfeição, os irmãos são cercados por uma sequência de intrigas, conversas informais e desafios cotidianos. Além de debates sócio-políticos fundamentais para ambientação do tempo geográfico da narrativa.

Para aqueles com temor de se depararem com uma escrita deveras formal, podem respirar aliviados. Isto, porque Erico Veríssimo faz parte de um grupo de autores a de escrita moderna, mesmo para os anos 30. Deste modo, é facilmente possível compreender o enredo, além de se entreter com ele. Em todos os aspectos, O tempo e o vento é uma coletânea fascinante, na qual o leitor se perde de si e do tempo gasto na leitura.

No auto da compadecida

Se há algo no qual os brasileiros acertam de mão cheia, é sem dúvida a comédia, além, é claro, do teatro. Então, obviamente não podíamos esquecer de incluir esse clássico da comédia dramática em nossa lista. Um livro repleto de tiradas “engraçadinhas”, personagens caricatos e até mesmo questionamentos religiosos em suas entrelinhas. Com isso, o autor Ariano Suassuna, consegue o equilíbrio perfeito entre tradição popular e elaboração literária.

Esta peça de 1962, tem um traço diferente de escrita. Diferente dos comuns livros narrativos brasileiros, este não é escrito em prosa, mas em forma de peça, com nome de personagens antes das falas e descrição de posições, sotaques e comportamentos de cada um. Além do cenário e seu movimento. Assim, o entretenimento do leitor é redobrado com o atiçar da imaginação.

Outro ponto a ser exaltado é sua crítica cômica, vez ou outra, em meio ao desenrolar da história. Desde a parte religiosa, até as tradições não questionadas. Contudo, isto se torna em segundo plano se comparada a leitura fluída, de enredo bem desenvolvido e final satisfatório. Em todos os aspectos, No Auto da Compadecida é uma leitura essencial para os amantes da literatura brasileira. 

O coronel e o lobisomem

Um trabalho impressionante de José Cândido, mesmo para 1964, onde o autor consegue o feito de mesclar traços do cordel a ficção fantasiosa. Assim como pequenos detalhes do ambiente histórico em que o enredo se passa, no qual são expostos contextos da sociedade patriarcal brasileira e superstições dos habitantes da época.

Apesar de parecer conter uma névoa sombria como segundo plano, o sobressalente é seu caráter cômico, baseado nos personagens satíricos e supersticiosos. Em todo momento, sendo elevados pela cultura popular brasileira, como o próprio lobisomem. O sétimo filho do sétimo filho, como nos é conhecido nas terras nacionais.

A leitura em primeira pessoa propõe aos leitores uma imersão profunda, na qual, em algum momento entre os capítulos, é possível se perder de tal modo, a passar a acreditar que aquelas palavras se tratam de uma narrativa registrada por alguém real, ao invés de ficção. Para isto, sendo necessário apenas o bom uso detalhado do personagem principal, Ponciano de Azevedo.

Senhora

Ao contrário da prática receita pronta de romances, José de Alencar deixou de lado o óbvio e tornou sua protagonista atraente justamente pela desconstrução. Aurélia amadurece gradualmente com o passar das páginas, mas ao contrário do clichê final de heroína mártir, esta, após o estopim do abandono, se torna fria e calculista.

Dose complementar perfeita ao personagem Fernando, a percorrer o caminho oposto, mas de sua própria maneira diferencial, com potencial criativo. Sendo contrastante o modo como Alencar consegue dar vida a seus personagens, de modo a fazer os leitores se apaixonarem rapidamente por eles. Mesmo sendo o romance narrado em terceira pessoa.

Outro feito, foi o belo trabalho contextualizado historicamente, onde é possível notar em seus detalhes, mesmo em plano de fundo, os detalhes cotidianos do século XIX. Desde os casamentos por interesse, até os trajes descritos e cenário cuidadosamente planejados. 

Holocausto brasileiro

Quando o assunto é literatura brasileira, é impossível ignorar o nome de Daniela Arbex, tamanho seu poder nas palavras. Isto, porque por se tratar de livros jornalísticos, o impacto triplica sobre o leitor, ciente de que tais fatos narrados são reais. Toda a imersão, bile, arrepios e lágrimas causadas pela sensação de real dos personagens, envoltos no enredo do livro, são intensos, justamente por este ponto.

Com holocausto brasileiro não é diferente. Publicado em 6 de julho de 2013, o livro faz parte uma investigação da autora quanto a uma denúncia procedida pela imprensa. Este, se refere a um hospício, datado do século XX, no qual diversas pessoas doentes, saudáveis, mas não queridas pela família e afins, eram mandados. Lá os indivíduos eram tratados de modo decadente, inumano, semelhante a como eram tratados os judeus em campos de concentração nazistas. Assim, eram cotidianas as mortes por frio, fome e choques elétricos.

Assim como é comum em seus livros, o enredo é baseado em entrevistas e narradas em palavras profundas, capaz de nos levar ao mundo sombrio descrito no livro.

Uma mulher no escuro

Preparem o tombo, que Raphael Montes chegou. Como é comum da narrativa do autor, o escrito é repleto de reviravoltas impactantes, de modo a quando o autor se acostuma com o impacto, é surpreendido novamente. Contudo, o especial nisso, é o modo como o autor consegue utilizar desta sequência de plotwists sem tornar o enredo esperado e maçante. Além da profundeza de detalhes de cada personagem.

A protagonista, por exemplo, é repleta de traumas a serem lidados, algo no qual o autor não usa apenas como ingrediente dramático, ele de fato, trabalha com isto no decorrer da história. O enfoque principal deste também pensado para ser impactante, a morte de toda família da protagonista Victoria, diante dos olhos da mesma quando tinha apenas quatro anos.

O instigar em meio as investigações policiais do caso da família assassinada, se dá pelo próprio autor, em seu poder de persuadir o leitor a seguir a linha de pensamento planejada por si. Assim, os leitores se tornam presos do início ao fim da trama, em meio as palavras selecionadas cuidadosamente para os fascinar e guiar em um enredo intenso.

Perdida

Já se perguntou como seria ter de abandonar as facilidades modernas? Esqueça o celular, internet ou qualquer meio de comunicação pós século XIX. Este é o cenário ficcional apresentado em Perdida de Carina Rissi. Neste romance brasileiro, a protagonista, após diversas desventuras subsequentes, é enviada ao passado, onde tem de reaprender a lidar com sua vida sem as regalias modernas.

A leitura é fácil e fluída, com desenrolar ritmado pela narrativa produzida cuidadosamente pela autora. O modo como funde as duas épocas, ressalta em meio ao enredo de modo quase cômico, mas sincronizado perfeitamente a expectativa dos leitores, ávidos por livros criativos, capazes de os curar de ressacas literárias.

Algo igualmente relevante é o bom uso dos personagens secundários, com personalidades forte e quase tão apaixonantes quanto os principais. Ao ponto, de se tornarem protagonistas nos livros subsequentes da série. Isto é apenas mais uma prova da qualidade escrita de Carina Rissi.

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